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quarta-feira, 23 de maio de 2007

“A oma vem passar o fim de semana com a gente”

Essa frase me deu um arrepio na espinha. Avós normalmente trazem uma sensacão boa, mas pensar em ficar cara a cara com a pessoa que criou minha host, acreditem, dá medo.

Na sexta, quando estava de saida, abro a porta do quarto e penso : “não é avó que veio visitar a familia, é o avo, e o avo é uma drag queen setentona”.

Infelizmente não estava com a máquina fotografica e deixei escapar o momento. Mas é só imaginar um Hobbit com o cabelo da Ana Maria Braga. Não bastasse a "forcinha" que a natureza deu, ela vem tão cheia de badulaques que parece um souvenir chinês. Não me surpreenderia se ela tiver algum botão, que ao ser apertado, começe a tocar “it is raining man” instrumental.

"A senhora é a cara de sua filha!"
"Obrigada"
"Isso não foi um elogio, minha senhora". (pensamento não expresso)

A presenca dela me deixa constrangida. No almoco ela sentou ao meu lado, e, descaradamente, me encarou o tempo todo, um olhar de crítica e análise. Além de falar mim em holandês.

No fim da tarde, quando estava no computador, ela me perguntou num inglês tão esdrúxulo, que tive que pedir pra ela repetir quatro vezes, se também fazia parte do meu trabalho ficar no computador.

Mais tarde, saí dos meus aposentos no mesmo momento que ela passava no corredor. Ela simplesmente parou e meteu a cabeca dentro do meu quarto. Assim, do nada. Assim, sem cerimônia.

No outro dia ela atrasou meu trabalho porque acordou depois das 10 da manhã e só pude ir arrumar o quarto de Céline quando ela foi pra cozinha. Meu Deus, ninguém avisou a essa mulher que avós acordam às 6 :00 da manha, fazem o café e depois vão à missa ? Ninguem avisou essa mulher que a morte é algo bem conveniente depois dos 70 ? E depois tive que arrumar a cozinha de novo, porque ela tirava e não colocava nada no lugar.

Perguntei, assim como quem não quer nada, por quanto tempo ela ia ficar. A resposta do host, num inglês resmungado que eu acho que não devia ter escutado, foi : “parece que o ano todo”.

E ela partiu, no momento que o carro saiu , todas as nuvenzinhas negras em cima da casa se dissiparam, os passarinhos voltaram a cantar e a vida voltou ao normal.

Fim.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Como vi que minhas roupas de inverno brasileiras de nada servem na primavera holandesa, resolvi fazer compras.

Depois de andar por todo centro da cidade, finalmente encontrei o que queria. Passo no caixa, saio da loja e ainda chego a tempo de pegar Celine na escola. Mas...

Quando saio da H&M, o alarme dispara. Como tinha um monte de gente saindo ao mesmo tempo, tive certeza que a história não era comigo e continuei andando. Em poucos segundo, sinto alguém segurar meu braco. Quando me viro pra olhar, vejo um negão engravatado de 2 metros de altura, esbravejando alguma coisa em holandes. Era o seguranca da loja. "Fudeu, a historia é comigo".Meu ingles desapareceu no mesmo minuto. Com muito esforco, consegui algo como : "in...in...ingrish, pris".

Ele pediu para que eu o acompanhasse. Quando chegamos na porta da loja, ele segurou a minha sacola de compras e pediu para que eu entrasse. Nada do alarme disparar. quando ele entra, o dispara mais uma vez. Lá vou eu mostrar a nota, ele checa tudo, revista minhas sacola. Finalmente, encontra no bolso da jaqueta, o protetor que faz o bendito alrme disparar. Ainda assim não se convence: "venha comigo" e vai até o caixa falar coma moca que me atendeu. A essa altura a loja toda já estava me olhando. Pedi a Deus pra ser transparente, mas ele nao atendeu meu pedido. Eu tinha cara de culpada de tão envergonhada que estava.

Nesse meio tempo imaginei de tudo: eu sendo presa, deportada, minha cara estampando o Jornal da Paraiba...hehehe

depois do mal entendido desfeito, ele só me entrega a sacola de volta, sem um pedido de desculpas e ainda diz que dá proxima eu tenho que ficar parada e não sair andando.

Mais do que vergonha, tive ódio. E mais ódio ainda, por não saber se esse sentimento me era de direito. Se fosse como no Brasil eu poderia, além de ficar puta, processar a loja. E um processo extra: alegaria que era preconceito pq eu era latina (já que a gente adora proteger as minorias..hehehe). Ganharia bem mais do que um pedido de desculpas.

Mais tarde vim saber que o que aconteceu comigo é normal. Em certos aspectos, nosso país em processo de desenvolvimento ainda tem muito a ensinar ao velho mundo.

quarta-feira, 9 de maio de 2007



Tem dias em que a gente acorda Deus. Dias nos quais nada nos abala, em que podemos de tudo. Somos seres divinos, capazes de resolver todos os problemas, passar imunes pelas exasperações cotidianas mudar o mundo até, afinal, ele nos pertence. Podemos fazer as outras pessoas felizes e as injustiças serem resolvidas.

Em contrapartida, há dias que somos desgraçadamente humanos, nos quais a menor farpa lançada, mesmo sem intenção, estremece todas as nossas estruturas.Nesses dias somos limitados, talvez pela mediocridade dos nossos erros, talvez pela consciência da mortalidade. O fato é que, quando nos acordamos humanos, somos vulneráveis. Não conseguimos nem fazer a nos mesmos felizes, muito menos aos outros. Dias em que nos perguntamos da onde veio a sensação de que podíamos mudar tudo se, com muito esforço, conseguimos manter as contas em dia.

Hoje acordei humana.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Que a Holanda é um país lindo, de primeiro mundo, super organizado, cheio de pastos verdinhos, onde correm vacas e ovelinhas fofinhas, todo mundo já sabe. então não vou ficar discorrendo aqui sobre maravilhas conhecidas. O dia-a-dia talvez seja bem mais interessante.

Nos meus primeiros 10 minutos em terras holandesas, ainda no aeroporto, resolvi pedir ajuda a um cara pra colocar minahs malas no carrinho.

- Did you put rocks on it!?

-Well, it is going to be a long stay..hehehe

O cara já me olha atravessado e quando dou o "thank you" mais simpatico possivel, ele me responde com um "yes" que mais paracia um: "Obrigada!? Obrigada!? É só isso que vc tem a me dizer, sua vaca?" . "oxe, cade a tão falada educacao europeia!?", penso eu. blah, mas até ai, tudo bem.

Em poucos dias aqui, pude perceber que a relacão desse povo com a água é algo, digamos...peculiar. Dados da nossa última pesquisa apontam que 90% dos holandeses nunca ouviram a frase: lavar as mãos antes das refeicões. Os 10% que disseram ter ouvido, não conseguiram fazer uma associacão lógica o que impede que a sentenca seja tranformada em prática.

Pude compravar isso em um pizzaria. Lá vem os nosso pedacos de pizza sem garfo, sem faca, sem guardanado pra vc segurar...fui procurar uma pia pq...er...bem, pq ia comer e tinha que lavar as mãos, oras! O que descobri é que não é uma atitude comum por aqui. Fui tentar explicar o porque é importante fazer isso antes de comer. E foi pra uma pessoa com mais de 30 anos, não pra Céline que tem apenas 4. O que escutei foi que: " não adianta nada, pq depois que vc pega no trinco do banheiro, sua mão já está suja de novo." Esse foi um argumento irrefutável.

Mas até agora o que ganha em disparada é lavar pratos. Lá estou, depois do jantar, lavando a louca...a minha host andando de lado pro outro, me olhando pelo canto do olho..."bem, eu já me acostumei com o jeito que vcs brasileiros fazem isso." (a au pair anterior também era brasileira). Mais cinco minutos andando de lá pra cá e: "Bem, mas é meio sujo". Admito que escutar isso de alguém que beija a boca de um gato, feriu meu brio de menina asseada. E ela foi, feliz da vida, me mostrar como se lava prato no primeiro mundo.

1. antes de tudo lave bem a pia. Ela tem que estar tinindo antes de ser emporcalhada.

2. encha a pia de água. Em seguida, acrescente uma colher (chá) de detergente e coloque tooooooda a louca nela. tudo é lavado na água parada, que, a essa altura, está completamente suja. vc coloca a mão dentro da pia e sai com uma luva de gordura.

3. o próximo passo é só passar a louca embaixo da torneira e...voilá! nem precisa tirar todo o sabão. Agora é só enxugar e guardar nos ármarios. :D

ah! as panelas merecem uma atencao especial. Bombril aqui é meramente decorativo. vc tem que passar DELICADAMENTE a parte amarela da esponja pra não arranhar. E só. Antes uma panela suja do que arranhada.

Minha host insiste em dizer que o nosso jeito é uma festa pras basterias. Pra mim, o dela é só levá-las para um parque aquatico.

Olhe, essa mulher ainda vai me render muitos posts..hehehe